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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Leishmaniose II - segundo especialistas


Eutanásia em cães doentes não é solução para o controle da Leishmaniose.
Ameaça tão grave à população quanto a dengue, a leishmaniose é uma doença negligenciada no Brasil. O assunto que envolve o papel do médico-veterinário na saúde pública foi tema da palestra de Fábio Nogueira, durante a 4ª Jornada Acadêmica de Medicina Veterinária da UNIGRAN, encerrada no sábado (13). O professor-doutor de clínica médica e semiologia de pequenos animais defendeu que não há interesse em se desenvolver novas drogas para o tratamento tanto de cães quanto de pessoas doentes.

Eutanásia em cães doentes não é solução para o controle da LeishmaniosePara o doutor Fábio Nogueira, cães devem ser tratados e vacinados, e o vetor da doença controlado com medidas sanitárias e educação em saúde.
Ele também considera inapropriada uma medida bastante utilizada no combate às epidemias. Para Nogueira, a eutanásia de cães com diagnóstico de Leishmaniose não elimina os chamados “reservatórios” da doença. “A família substitui o animal de estimação por outro, que também acabará infectado, se estiver no mesmo ambiente”, disse o professor. O pesquisador aconselha o uso de coleiras espanta-moscas, vacina, o recolhimento dos animais no crepúsculo e a limpeza dos locais onde vivem os bichos.

A vacina contra a leishmaniose visceral ainda está sendo testada e tem como alvo o causador da doença, o protozoário Leishmania chagasi. Os resultados obtidos até agora são positivos. As outras precauções visam a minimizar a ação do vetor, um mosquito que encontra condições ideais de reprodução em restos vegetais em decomposição, nos quintais e pomares. A fêmea do flebótomo – mosquito-palha, cangainha, birigui, tatuquira – pica homens e animais, na busca de sangue para maturar seus ovos.

É dessa forma que o ser humano é infectado pelo parasita, que antigamente tinha seu nicho ecológico nas matas. O professor explicou que o avanço das cidades sobre as florestas resultou na adaptação do vetor aos meios urbanos. Já o agente etiológico da doença encontrou no cachorro outro hospedeiro, além dos roedores silvestres. Nos cães, o protozoário L. chagasi provoca feridas na pele, inchaços no focinho e em outras partes do corpo, e até problemas oftálmicos. Contudo, os sintomas podem demorar a aparecer.

Fábio Nogueira discutiu em sua palestra a questão da avaliação dos sintomas, os tipos de exames e protocolos clínicos para se diagnosticar a doença em cães. “A leishmaniose é de difícil diagnóstico clínico, ela mimetiza outras doenças, mas em regiões endêmicas [como Mato Grosso do Sul e Dourados], o veterinário tem sempre que desconfiar de leishmaniose”, disse o pesquisador, explicando que nos seres humanos a infecção é mais difícil, e afeta mais as pessoas com sistema imunológico debilitado.

Estão na faixa de risco, os portadores de doenças que fragilizam as defesas do organismo, os idosos e crianças, assim como as pessoas mal nutridas. Para o palestrante, esse é um dos motivos pelo qual ainda se usam remédios da década de 1950 para tratar pacientes com a doença, e as indústrias farmacêuticas não pesquisam novos medicamentos. A crítica se estende às autoridades de saúde que ainda tentam o impossível – eliminar os reservatórios da leishmaniose. Enquanto isso, a doença avança.

Em 2007, dezenove pessoas morreram de leishmaniose no Estado. “É uma doença totalmente negligenciada, ela ataca uma população que está em condições mais precárias e a gente não vê interesse dos laboratórios de preparar mais medicamentos, a única droga que existe para tratamento humano está completando 60 anos de utilização, que é o antimoniato, e é mais fácil para os órgãos de saúde pública atacar quem?! O cão, porque eliminar o vetor é muito difícil”, disse Fábio Nogueira, em entrevista.

Sintomas e recomendação - Os sintomas da leishmaniose no homem são febre irregular por muito tempo, crescimento da barriga, anemia, palidez, emagrecimento, tosse seca, diarréia e problemas respiratórios. Como prevenção, manter varridos os quintas e áreas próximas à residência, evitar áreas de mata, entre o entardecer e a meia noite, e recolher os animais para instalações cercadas de tela, nesse mesmo horário. (JR)


Fonte: Agora MS
Matéria em: http://www.agorams.com.br/index.php?ver=ler&id=135518

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